sexta-feira, 22 de março de 2013

Dica de Livro: Asteca

Essa semana vou indicar outro livro para vocês.
Aproveitando o gancho da postagem anterior, que tratava sobre mitologia guarani, vou indicar a leitura de um dos livros mais fantásticos que já li em toda minha vida. Cuja história me marcou e emocionou profundamente.

O livro em questão é Asteca, de Gary Jennings. Que no Brasil, por alguma razão que me é desconhecida, foi dividido em dois volumes: Orgulho Asteca e Holocausto Asteca.
O livro foi publicado pela primeira vez em 1980, mas detém uma linguagem fácil, estimulante e muito divertida. Nem de longe lembrando aquelas velhas e enfadonhas narrativas que costumávamos ser forçados a ler quando adolescentes. Talvez por ser um livro com mais de trinta anos, explique a sua raridade nas livrarias brasileiras. Mas para quem gosta de ficção histórica e mais precisamente história de América Pré-Colombiana, é um "must read!"

Gary Jennings viveu durante doze anos no México, pesquisando junto com os arqueólogos de lá sobre a civilização asteca e seus legados ao povo que se originou desse encontro fatídico entre Espanhóis e Índios. Sua intenção era narrar toda a saga mexicana sob a perspectiva dos conquistados. Cinco livros foram lançados, mas apenas três foram escritos por Jennings (Orgulho, Holocausto e Outono). Os outros dois Vingança e Sangue foram escritos por um amigo, já que Jennings faleceu em 1999 antes de completar sua obra.

Asteca

A história nos é transmitida através da voz do escriba-aventureiro Mixtli, que no presente de seu tempo narra suas aventuras e desventuras, seus amores e seus dessabores aos juízes da Inquisição Espanhola. E desde o princípio, é impossível não se afeiçoar a ele. Mixtli é um verdadeiro "zé ninguém", míope, fraco e medroso, que por conta de seu avantajado intelecto e uma propensão incrível em se meter em encrenca vai ao longo da vida conhecendo personagens importantes do tumultuado período por que passava o Império Asteca.

O mais interessante nessa narrativa (a meu ver) é o fato de que a chegada dos espanhóis não é o epicentro dos acontecimentos. Afinal esse é um livro sobre astecas, não sobre espanhóis. Durante mais da metade do livro(s), o que vemos é um olhar bem crítico, de um membro lúcido, de sua própria sociedade. Que não só vangloria suas virtudes como também apresenta seus vícios sem floreios. 

Mixtli vai levando sua vida aos empurrões com figuras lendárias da América Central até o derradeiro e catastrófico encontro com os conquistadores. E, só então, a maioria dos leitores começará a reconhecer a história que lhes contaram ao longo da vida. Afinal, pouco se fala sobre a vida dos nativos ANTES da chegada dos colonizadores, como se tudo o que existiu neste continente antes do desembarque fosse irrelevante. Bem, Asteca ajuda a desmistificar essa visão míope que temos. E o melhor, o faz de uma maneira cativante.

Ao leitor(a) que se aventurar a mergulhar nesse túnel do tempo: Um alerta! Ele não é recomendado para menores de treze anos. A razão? Bem, digamos que os astecas não são reconhecidos pelo seu pudor quanto a determinados assuntos. Para todos que passaram essa fase da vida, deliciem-se!

Altamente recomendado. 
Pois que mesmo depois de tantos anos que o li, ainda verto lágrimas saudosas e sofridas por Tzitzitlini.

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